quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



sinopse
Dead end é uma aproximação ao melodrama. Como se diz no Tratado do Melodrama, um opúsculo de 1817, “para fazer um bom melodrama, primeiro é preciso um título. Em seguida é preciso adaptar a esse título um assunto qualquer, seja histórico, seja de ficção; depois, colocam-se como principais personagens um farsante, um tirano, uma mulher inocente e perseguida, um cavaleiro e, sempre que se possa, um animal aprisionado, seja um cão, gato, corvo, passarinho ou cavalo”. O centro de um melodrama é uma personagem injustamente votada ao sofrimento. Uma vítima de maldade. O desenlace costuma ser adiado até ao final do terceiro acto para que, assim, aumente a revolta do público e o seu desejo de que o desfecho justo e consolador chegue. Está-se “agarrado à história”.

Dead end foi escrito por Chris Thorpe para a mala voadora, a partir de uma recolha de histórias da zona de Guimarães. Partiu-se de histórias que são espontaneamente contadas boca a boca (do âmbito do comum, sem um autor e que, por isso, se vão transformando ao longo do tempo) e olhou-se para elas à luz do modelo narrativo do melodrama (que surgiu ao mesmo tempo que surgiram as equipas de escrita massificada, e que continua ser reconhecível numa infinitude de produtos “instantâneos” da literatura, do cinema, da televisão, etc.). É um exercício de narração.

Dead end pode ser sobre o mal. Aproxima-se de coisas como o destino e o sacrifício, um certo negrume – coisas que, nos melodramas, são arrumadas de modo a que a vitória seja do bem. As histórias em que o bem vence e o mal é castigado cumprem um papel, não apenas moralizador, mas também apaziguador para os que se revêem no possível papel de vítimas. Tranquilizam. Constroem uma ordem. Ou, pelo menos, a imagem de uma ordem. Dead end pode ser sobre a necessidade do mal.



ficha técnica
direção Jorge Andrade
texto Chris Thorpe e contos de tradição oral originalmente recolhidos por Francisco Martins Sarmento
com Anabela Almeida, Jani Zhao, Joana Bárcia, Jorge Andrade, Mónica Garnel, Rui Lima, Sérgio Martins, Simão Cayatte, Tânia Alves, e também Celeste Núncio, Chen Renyu, Hu Yifan, Huang Jianping, Jiang Rui, Liu Weichi, Vítor Zapa Wang Binyu e Zang Xiaobin
cenografia José Capela, com execução de Carlos Maia
figurinos José Capela, com assistência de Teresa Ferreira
luz Daniel Worm d’Assumpção
banda sonora Rui Lima e Sérgio Martins
imagem de divulgação Amaya González Reyes
produção Manuel Poças
co-produção Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura
apoio Comuna Teatro de Pesquisa, Maria Matos Teatro Municipal, Taberna das Almas
agradecimentos António Amaro das Neves, Instituto Confúcio, Maria H. Capela, Securitas, Teatro da Garagem, Truta




A mala voadora é uma estrutura financiada pela Secretaria de Estado da Cultura / Direcção Geral das Artes, e é estrutura associada da Associação Zé dos Bois.

mala voadora is funded by the Secretaria de Estado da Cultura / Direcção Geral das Artes, and it is an associated structure of Associação Zé dos Bois.